
Performance "Falso Filme Pornográfico”. Esta performance realizada pelo grupo accionista Estónio LWLWKQPLJVBO põe em evidência a diferença entre a normotopia analógica e a distopia digital. 6 accionistas tentam a digitalização em frente de um espelho. Nus.
LWLWKQPLJVBO são as iniciais dos artistas Estónios, Lilly Wachowski, Lana Wachowski, Kersti Quiuí, Paulo Lillekimp, João Valgé, Bernardo Olge.
Sendo que os mais conhecidos são Lilly Wachowski e Lana Wachowski, famosos irmãos, que além de conferencistas, são mundialmente conhecidos por serem os realizadores da trilogia dos filme Matrix. Os fãs do estilo cyberpunk consideram a trilogia inteira uma obra- prima. Só o primeiro dos filmes da trilogia rendeu mais de 450 milhões de dólares.
A performance que apresentam versa: o corpo nu como avatar analógico trabalha com matrizes de gaming. Incorporando aquilo que podíamos enunciar como o Mártir Digital. Performances, em que a materialidade não é um veículo semântico mas é, porém, um processo de tradução.
Exploram. Como um corpo nu pode ser, um avatar e uma síntese geométrica de linhas, base onde poderão cair layers semânticos imagéticos, objectos ou roupas, mas que no essencial, essas linhas são só uma matriz, que se pode vestir.
O que é proposto, é pensar-se o corpo nu, já não como fonte de erotismo, e desorganização desestabilização de micro estruturas sociais, mas antes, como uma construção de ideias, num mundo traduzido pela realidade digital.
Pode servir de exemplo, para o que é uma tradução de um Mártir Digital, ou melhor dizendo, uma proposta onde poderíamos compreender enquanto imagem o que é um Avatar Analógico. Podemos pensar como imagem, por exemplo, uma coisa que já foi realizada por LWLWKQPLJVBO. Uma performance realizada no Theatre NO99 em Tallinn, que usaram um scanner 100 vezes num dia, cada um dos elementos do grupo, distribuídos em cena de forma circular e recortados com luz. A acção repetia-se durante 30 dias. Durante esses 30 dias levaram a acção à exaustão, queimar as pontas dos seus dedos, as suas impressões digitais, num scanner sobreaquecido. Num Processo que chamaram de tradução, a sua impressão é ao mesmo tempo digitalizada e transformada, anulada.
Ao invés do digital ser um sub-produto, uma copia humana, o corpo humano digitaliza-se, entrega-se à revolução digital.
Outro processo, performance que executaram que procurava o Martírio Digital, tem que ver com a proposta que realizaram, em que durante 90 dias “Working Man” levaram os seus corpos à exaustão, numa sala com computadores, em reclusão e ininterruptamente, nus ao computador, a sala estava preparada com mantimentos e aquecimento. Durante 90 dias, criaram falsos perfis, proliferando na internet, como uma rede ficcional, partindo de uma matriz verdadeira, que era a sua vida até ai, mas isolados, criaram uma multiplicação impossível de manter de forma saudável, psiquicamente, numa reverberação ficcional, que visava um choque entre a dimensão analógica e estável, um corpo nu numa sala, e o que seria a proliferação das ficções, as possibilidades de autênticos em rede desfasados. Com o registo desta acção, que visava a desmaterialização do corpo através do esgotamento psíquico, produziram um livro com 1 000 000 páginas, que faz o mapeamento do processo com registos fotográficos do desktop.
Não é de estranhar que este processo acabe com todos os membros do grupo num Hospital de Saúde Psíquica.
Mas mais evidente nesta experiência de esgotamento psíquico, foi o caso de Paulo Lillekimp. Que quando se transformou num gato avatar no mundo digital, e tão imbricado que estava no personagem que saiu da sala de reclusão, e chegando à cozinha saltou para o estendal e caiu do 3 andar, teve fracturas em todos os membros, assim como fracturas nas costelas e crânio. Sobrevivendo, porém, agora sim como um gato, sobreviveu como um gato sobreviveria no mundo analógico.
Desta vez temos uma programação aleatória, na Galeria Ana Lama, supostamente os nomes que nos foram dados, por Ana Lama, como programa de última hora contam de entre os outros accionistas com Lilly Wachowski e Lana Wachowski. Ana Lama começou um pouco a desprestigiar, nos últimos tempos, a sua programação com uma série de anúncios aleatórios, onde nunca se sabe bem se a divulgação do evento é verdadeira ou falsa. A informação que nos passou era que os irmãos Lilly Wachowski e Lana Wachowski estariam também em Lisboa, no dia 23/ 11/ 2017, pelas 21.30, na Galeria Ana Lama para apresentar em conjunto com os outros membros do grupo a performance (Lilly Wachowski e Lana Wachowski nunca estiveram em Portugal). Fica aqui mais um motivo para que esta apresentação seja um momento único.
Mais uma vez dizer que na performance "Falso Filme Pornográfico”, os membros do grupo LWLWKQPLJVBO, nus em frente a um espelho vão tentar digitalizacao
texto : Nuno Oliveira